Dra. Júlia Soares /// 10 de Março /// 10:32 pm
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo na atualidade. Na população brasileira, os últimos levantamentos mostram que 60% da população já tem sobrepeso ou obesidade.
Durante a consulta, é fundamental avaliar as causas que levaram ao excesso de peso, bem como investigar possíveis morbidades associadas. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais.
O tratamento é complexo e multidisciplinar, sendo a base a mudança do estilo de vida, com foco na alimentação saudável e equilibrada e atividade física. Como toda doença crônica o tratamento farmacológico inicia-se para impedir a progressão da doença para um estágio mais grave e prevenir complicações. Tudo deve ser individualizado, sob supervisão médica contínua e mantido quando seguro e efetivo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo na atualidade. A estimativa é de que, em 2025, aproximadamente 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade também é alarmante.
A população obesa no Brasil passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, um crescimento de 60% em 10 anos. O excesso de peso é ainda mais preocupante, os brasileiros acima do peso considerado ideal passaram de 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016.
O estilo de vida saudável é de importância primordial na prevenção e promoção da saúde. A dieta equilibrada e a atividade física, que deveriam ser as protagonistas no tratamento da obesidade, vem sendo subestimadas. Hoje em dia, a busca por um corpo perfeito leva ao uso indiscriminado de medicações, suplementos e dietas, sem supervisão adequada, através de informações obtidas muitas vezes por meios que não se baseiam em evidências científicas seguras. Muitas dessas estratégias podem ocasionar efeitos colaterais e, se não forem associados a uma mudança de estilo de vida, podem levar a resultados limitados e temporários.
A obesidade isoladamente aumenta a mortalidade e tanto ela como o excesso de peso predispõem a doenças ainda mais graves, tais como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias, apneia do sono, problemas ortopédicos, vários tipos de câncer, infarto do miocárdio, entre outras.
Durante a consulta de um paciente que apresente sobrepeso ou obesidade, é fundamental avaliar as causas que levaram ao excesso de peso, bem como investigar possíveis morbidades associadas. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais.
O ganho de peso é ocasionado por um balanço energético positivo, obtido devido alguns fatores, dente eles:
- Aumento de calorias ingeridas
- Redução de calorias gastas: baixo gasto energético basal, pouca massa magra, vida sedentária
O consumo calórico pode ser avaliado por meio do hábito alimentar, usando diários alimentares ou listas de checagem de alimentos, mas a interpretação das informações precisa ser cuidadosamente analisada. O gasto energético total diário pode ser dividido em taxa metabólica basal, pelo efeito térmico dos alimentos e pelo gasto de energia com atividade física.
ESTILO DE VIDA
Nas últimas décadas, a população está aumentando o consumo de alimentos com alta densidade calórica, baixo poder de saciedade e de fácil digestão. A necessidade de se realizar refeições em curto espaço de tempo e o aumento compensatório da alimentação em redes de fast food levam ao aumento do conteúdo calórico de cada refeição.
Várias fases da vida, podem influenciar o ganho de peso. Ganho de peso excessivo durante a gestação e falta de perda de peso após o parto são importantes preditores de obesidade em longo prazo. Um maior ganho de peso após a menopausa está relacionado à idade e ao estilo de vida.
GENÉTICA
A obesidade comum tem herança poligênica. Nem todos os indivíduos ganham a mesma quantidade de peso quando expostos a dietas hipercalóricas. O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto, quando um dos genitores é obeso, eleva-se a 50%, atingindo 80% quando ambos são obesos.
EFEITO DO ESTRESSE NO APETITE
Sintomas de estresse, tais como ansiedade, depressão e o hábito de se alimentar quando problemas emocionais estão presentes são comuns em pacientes com obesidade.
IATROGENIA FARMACÊUTICA
Muitos medicamentos utilizados para tratamento de condições outras além da obesidade podem contribuir para aumento de peso ou para exacerbação do ganho de peso em indivíduos suscetíveis.
REDUÇÃO DE SONO
O número de horas de sono por noite está inversamente relacionado ao IMC e obesidade.
TRATAMENTO
O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Em linhas gerais, deve incluir terapias comportamentais dirigidas no sentido de modificação do estilo de vida e reeducação alimentar para redução do consumo de calorias, além da prática de exercícios para aumentar o gasto calórico. O tratamento farmacológico é adjuvante dessas medidas.
São várias as opções de medicamentos no mercado, com diferentes tipos de ação, assim, a escolha do tratamento a ser prescrito deve ser moldada para as necessidades e características de cada paciente, sob supervisão médica contínua e mantido quando seguro e efetivo.
As mudanças de estilo de vida e as técnicas cognitivo-comportamentais são fundamentais e o tratamento farmacológico não deve ser usado na ausência de outras medidas não farmacológicas.
Dra. Júlia Soares
Especialização em Endocrinologia pela Irmandade da Santa Casa – São Paulo