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Diabetes

Dra. Júlia Soares /// 09 de Março /// 08:37 pm

O Diabetes pode dar medo, mas conhecê-lo profundamente e colocar em prática o aprendizado é o primeiro passo para evitar suas temidas complicações!

Atualmente no Brasil, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, devendo em breve superar os 10% da população brasileira. 

O diabetes é uma doença provocada pelo aumento da glicose no sangue, seja pela falta de produção da insulina ou pela ação deficiente deste hormônio.

Se controlada adequadamente, suas sabidas complicações, dentre elas distúrbios oftalmológicos, renais e circulatórios, podem ser adiadas e até mesmo evitadas.

A prevenção das complicações depende de uma alimentação equilibrada, atividade física e medicamentos. No entanto, alguns pacientes que precisam somente de comprimidos e outros da associação com a insulina.

Hoje em dia, com as novas tecnologias para tratamento e monitorização da doença, se o paciente tiver acesso a informação e orientações de qualidade, pode ter uma vida longa, feliz e saudável. 

O diabetes é uma das doenças mais prevalentes da atualidade. Dados da International Diabetes Federation (IDF) mostram uma prevalência de 387 milhões de indivíduos diabéticos no mundo no ano de 2014, sendo que 12 milhões destes encontram-se no Brasil. Entre as principais causas desse aumento de diabéticos no mundo estão os maus hábitos alimentares, a epidemia de obesidade e sedentarismo e o aumento da expectativa de vida da população.

O diabetes é caraterizado pelo distúrbio no metabolismo de carboidratos, sendo que o organismo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz.

Toda vez que comemos, no processo de digestão, os carboidratos são quebrados em moléculas de glicose (açúcar) que são absorvidos pela circulação e servirão de fonte de energia pelo corpo. No entanto, para que a glicose entre nas células é preciso que exista um hormônio chamado insulina, produzido pelo pâncreas. Cada vez que um indivíduo se alimenta, o pâncreas percebe a entrada de glicose na circulação e libera a insulina necessária para a quantidade de carboidrato absorvido.

Quando a pessoa tem diabetes, no entanto, a falta de insulina faz com que a glicose não seja utilizada adequadamente, ocasionando a hiperglicemia, o aumento do nível de glicose no sangue. Se esse quadro permanecer por longos períodos, poderá haver danos em células da retina, glomérulos renais, nervos, sendo hoje o diabetes a principal causa de cegueira adquirida do mundo, de amputações não traumáticas de membros inferiores e de insuficiência renal crônica dialítica.

O diabetes pode ser classificado em alguns tipos, conforme sua causa etiológica. O quadro clínico e o tratamento sofrem variações conforme a fisiopatologia de cada tipo de diabetes.

DIABETES MELLITUS TIPO I

Acomete principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens. É uma doença auto-imune, ou seja, anticorpos mutantes “confundem” as células produtoras de insulina no pâncreas com um corpo estranho e as destroem. Os sintomas do diabetes surgem repentinamente na maioria das vezes, dentre eles, a perda progressiva de peso, muita sede, frequência urinária elevada e visão embaçada. O tratamento medicamentoso é feito exclusivamente com uso de insulina.

DIABETES MELLITUS TIPO II

É o diabetes mais comum e está relacionado ao excesso de peso que não necessariamente precisa ser exagerado. Um pequeno ganho de peso, especialmente quando a gordura é acumulada dentro da barriga – a chamada obesidade visceral, pode desencadear o surgimento desta doença.

Predomina em adultos de meia-idade, mas vem acometendo indivíduos cada vez mais jovens devido ao sedentarismo e maus hábitos alimentares atuais. 

Neste tipo de diabetes o problema inicial não é a falta de insulina. A questão é que a insulina produzida não consegue agir eficazmente nos tecidos do corpo por causa da obesidade, fenômeno chamado de resistência insulínica. Em geral, nos primeiros anos da doença o paciente é completamente assintomático sendo o diagnóstico feito por exames de rotina. Estima­se que 50% dos portadores de diabetes não tenha ainda o diagnóstico da doença. O tratamento consiste em reeducação alimentar e atividades físicas, além do uso de diversas medicações conforme o perfil da doença e seu estágio.

OUTRAS CAUSAS

O diabetes mellitus também pode aparecer durante a gestação (diabetes gestacional), ser secundário ao uso de alguns medicamentos (como corticoide), doenças pancreáticas ou endocrinopatias, etiologia autoimune ou ser consequência de síndromes genéticas.

DIAGNÓSTICO

Exames de sangue como dosagem de glicemia de jejum, dosagem da hemoglobina glicada e a curva glicêmica do paciente podem fazer diagnóstico de diabetes.

FATORES DE RISCO

  • Sobrepeso ou obesidade, principalmente se a gordura estiver concentrada na região em volta da cintura
  • História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
  • Hipertensão arterial sistêmica
  • Colesterol alto ou alterações nas taxas de triglicérides no sangue
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP)
  • Histórico de Diabetes gestacional ou macrossomia fetal (bebê com peso superior a 4kg)
  • Pré­diabéticos

TRATAMENTO DO DIABETES

As consequências da ausência do controle adequado da doença serão o surgimento de complicações debilitantes como perda da visão, amputação dos membros, disfunção sexual nos homens, perda da função dos rins e aumento importante do risco de infarto e acidente vascular cerebral.

No entanto, diante de um tratamento orientado por um bom profissional e com a adesão do paciente a terapia, essas complicações podem ser evitadas. Uma das coisas mais importantes é o controle do nível de glicose no sangue. Hoje em dia existem outras formas de monitorização glicêmicas disponíveis que evitam a necessidade de constantes picadas de dedo. A base de qualquer tratamento efetivo de diabetes são as medidas não medicamentosas, dentre elas, orientações acerca da alimentação, como, reduzir a ingestão calórica, preferir carboidratos complexos e de baixo índice glicêmico, aumentar a ingestão de fibras. Estimular a atividade física é essencial: preconiza­se atividade aeróbica mínima de 150 min por semana de exercício físico moderado.

Nos últimos anos a medicina tem avançado rapidamente nesta área e diversas classes de medicamentos foram desenvolvidas, que podem, além de melhorar o diabetes, ajudar a reduzir o peso do paciente e ainda melhorar a função do pâncreas. O tratamento será individualizado de acordo com características clinicas de cada paciente, com a etiologia e com as comorbidades associadas.

Dra. Júlia Soares
Especialização em Endocrinologia pela Irmandade da Santa Casa – São Paulo

Este post tem um comentário

  1. Raphael

    Muito bom, parabéns pelo artigo! 👏🏼👏🏼

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